Viagem a uma planície enrugada

Em 1962, alertada por um amigo sobre os efeitos mortais que o uso de pesticidas tinha causado em um santuário de pássaros, a escritora e bióloga Rachel Carson começou a investigar o assunto e escrever o que se tornaria um dos livros mais influentes do século XX, Primavera Silenciosa. O livro logo se tornou um sucesso editorial e forneceu a base para toda uma série de movimentos e legislações ambientais inovadores. Nele, o perigo de uma primavera sem pássaros e insetos, fez a autora tornar público os efeitos prejudiciais das atividades humanas sobre o ambiente.

Inspirado por este alerta, o perigo desse mundo silencioso e os piores desastres ambientais causados pelo homem, Viagem a uma planície enrugada convida-nos a um tipo de mundo recriado aos nossos pés sobre um mapa-mundi, portal e local de acesso ao grande dilema de se pensar como parte em um momento em que o homem ganha impacto de força geológica sobre o planeta. A peça revisita alguns dos piores desastres ecológicos provocados pela humanidade nos últimos 50 anos, porém vistos a partir de um ponto de vista aéreo.

 

Viagem a uma planície enrugada é o segundo capítulo da trilogia Gentileza de um gigante. O projeto adota uma prática comum para arquitetos e engenheiros: a criação de paisagens em miniatura em uma superfície. Utilizando a mesma estratégia, os corpos de um homem e uma mulher movem-se e são, ao mesmo tempo, figura e fundo ativos, corpos gigantes que se espelham no que eles constroem. Como proprietários temporários de um território, eles manipulam materiais que dão origem a montanhas, oceanos, rios e planícies em um panorama sob os perigos da reformulação humana da natureza.

 

Dividido em 3 episódios independentes,  com uma dupla e superfície distintas, o projeto adota a cada vez um formato específico. Viagem a uma planície enrugada é o resultado da residência do coreógrafo brasileiro Gustavo Ciríaco em Montevidéu e em Buenos Aires, em colaboração com a bailarina Natalia Viroga, o designer de luz Santiago Tricot e o artista visual Juan Pablo Campistrous.


Viagem a uma planície enrugada
contou com o financiamento do Programa IBERESCENA Criação Dramatúrgica e Coreográfica em Residência 2016.

Imprensa

Gentileza de um Gigante traz o homem e mulher como quem se destaca na construção e destruição das paisagens; Viagem a uma Planície Enrugada, por sua vez, adentra às catástrofes ambientais que não precisariam ocorrer. Os dois espetáculos podem ser assistidos independentes; todavia é um revelado dividido em duas experiências. {…}

São duas experiências. E são duas obras tão belas e simples que surpreendem na imediatez com que provocam silêncio e conduzem o olhar aos gestos e respostas estéticas. Ciríaco continua a desenhar o entorno, a pensar o indivíduo, o viver, o convívio, o outro, só que agora expande essa percepção ao todo, ao mundo, às histórias, às urgências. É outro artista, ainda sendo ele mesmo. Ou talvez seja essa apenas uma segunda parcela sua. Seu continuar. Ser próprio e novo ao continuar. O que não há dúvida é de ser esse díptico um dos espetáculos mais interessantes nessa Bienal, pelo como o artista se reinventa e pelos dilemas que aponta ao humano sem precisar fazer disso discursos oportunos menores. Sua poesia vence a necessidade de discursos. Faz-se arte.

Revista Antropositivo, São Paulo, Setembro, 2017.

Acesse a crítica na íntegra AQUI.

O projeto esteve em residência no Centro Cultural de Espanha, dentro do Programa de Artistas En Residencia (PAR) em parceria com o Festival Internacional de Danza Contemporanea de Uruguai (FIDCU), em Montevideo e na Casa de Máquinas, no quadro do Festival Arqueologías del Futuro, em Buenos Aires, durante os meses de Abril e de Dezembro de 2016, respectivamente.

Em maio de 2016, o projeto foi apresentado em progresso no Festival Atos de Fala, na Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro. Posteriormente, a peça seguiu em residência no Festival Arqueologías del Futuro, em Buenos Aires, em Dezembro de 2016 e na Bienal SESC de Dança, onde teve sua estréia, em Setembro de 2017.

Datas

Avenida SESC Paulista. Agosto 16-19, 2018. São Paulo, Brasil.

36th Fadjr International Theatre Festival 2018, Janeiro 25 & 26, 2018. Teerã, Irã.

Bienal SESC de Dança. Residência de criação 06-14 de Setembro 2017. Apresentação, dia 15 de Setembro. SESC Campinas.

Arqueologías del Futuro. Residência de criação. 10-17 de Dezembro 2016. Apresentação: dia 17. Casa de Máquinas, Buenos Aires

Festival Atos de Fala, Instituto Oi Futuro Ipanema.  14 de Maio de 2016. Rio de Janeiro.

Festival Internacional de Danza Contemporanea de Uruguay & Centro Cultural de España. 4 e 6 de maio, 2016. Montevideo.

Programa Artistas en Residencia – PAR & Centro Cultural España, Residência de criação. Abril-Maio, 2016.  Montevideo.

 

Concepção e direção Gustavo Ciríaco

Performance & Collaboração Natália Viroga & Gustavo Ciríaco

Performer convidada Maitê Lacerda

Design de luz Santiago Tricot

Cenografia Juan Pablo Campistrous

Direção de produção Barbara Fontana (Brasil) & Jesse James (Portugal)

Instituição de acolhimento e organização da Residência

PAR – Artistas en Residência (Montevideo)

Arqueologías del Futuro (Buenos Aires)

Parceiros locais

FIDCU & Centro Cultural España – Montevideo

Casa de Máquinas – Buenos Aires

Agradecimentos a Regina Villas-Boas, Wanessa Guimarães, Alina Folini & Catalina Lescano (Arqueologías del Futuro), Vera Garat & Tamara Gómez (PAR), Pablo Fresia, Carolina Silveira, Xurxo Ponce (Centro Cultural España – Montevideo), Paula Giuria & Festival Internacional de Danza Contemporánea de Uruguai

Próximas datas

Festival Verão Azul. Teatro das Figuras. Outubro 12, 2019. Faro, Portugal.

Fotos de Nacho Correa, Renato Mangolin e Santiago Tricot.