Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos,  convida o público para uma jornada rapsódica pelos territórios que configuram um espaço de arte enquanto espaço performativo, sociológico e arquitectónico e o fazem tangenciar com o mundo que corre nas suas imediações. Pensada como uma peça site-specific, Cortado | Aberto, é uma tour itinerante pelo edifício  do teatro / do museu enquanto escultura expandida, como campo de posicionamento e encenação, em que o lugar de onde o espectador-visitante vê algo, constrói-lhe a apreciação e   a imaginação, o seu próprio teatro em deambulação.

Como uma escultura, onde o corte é via de acesso a uma fruição e a uma conversa com o seu entorno, o teatro (como o museu) é este lugar múltiplo, cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos, que acolhe pessoas em diferentes plataformas de interacção e distintos agentes em operação. À guisa das esculturas relacionais dos minimalistas, onde havia a inclusão de elementos de apelo interativo, Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos, descola os elementos de criação de teatralidade para outros espaços do prédio do teatro (ou do museu) e os dispõe como provocadores de performatividade. Uma espécie de teatro explodido, onde o público ativa e é ativado pela sua posição no espaço, pelo seu ponto de vista. Um teatro (ou um museu) é re-esculpido com os elementos que o distinguem, o desenham e o tornam concreto.

No seu texto polémico de 1967, Art and Objecthood, Michael Fried ataca o que considerava uma degeneração da arte de seu tempo: a teatralidade. Marcada pelos happenings, pela performance, pelo Fluxus e pela Pop Art, a década de 60 testemunhou a tomada das artes visuais pela performatividade presente em obras relacionais. As obras de Donald Judd e Robert Morris vieram a desafiar o modo como os visitantes viam uma escultura, ao convocar as pessoas à interacção, ao jogo. A defesa em se relacionar com o contexto que envolve e circunda uma obra abriu caminho para o performático e o relacional aportarem com força no espaço da galeria. Como retornar ao teatro aquilo que gerou tantas vias de exploração em outras áreas? Como se aproveitar da materialidade relacional dos elementos para instaurar situações, activar contextos e posicionamentos do público? Como tomar a arquitetura de um espaço de arte como matéria de trabalho e expandi-lo para além dos seus campos e modos de ação de rotina e relançá-lo como escultura?

Teatro em sua raiz grega, théatron, significa lugar de onde se vê. Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos chama-nos à primeira instância de ativação do teatro, onde um espectador se posiciona em um lugar para uma vista em acontecimento. Aplicando a dimensão do fazer teatro como uma espécie de verbo à sua arquitetura, Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos inaugura novos tipos de sociabilidade e faz resgatar a proximidade do teatro com a rua, a cidade e o mundo cotidiano que, em última instância, o circunda e o recorta.

Vídeos:

23 Milhas 

Teatro Nacional Dona Maria II

Walk & Talk

Museu de Serralves

Imprensa

Frieze MagazineCristina Sanchez-Korzyreva, Londres & Nova Iorque, Agosto 2018. “A encantadora performance Cut by all sides, aberta por todos os cantos (2018) do artista Gustavo Ciríaco no Teatro Micaelense, na capital açoriana de Ponta Delgada, convida os espectadores não apenas a participar – meu grupo soprou balões e os soltou como ‘pássaros’ acima outros grupos que se apresentaram como vulcão e oceano – mas também perambulam pelos bastidores, escritórios e camarins do teatro. Ciríaco descreve sua peça como “rapsódica”, e o é. Como bons massagistas, os artistas cuidam suavemente das transições entre os atos, chamando o público e instruindo-o a segui-los através dos movimentos de suas mãos nas paredes. O trabalho inclui dança, música e canto e quadros vivos poéticos tornados visíveis de uma escada ou de um terraço. “

Revista Visão – “Cortar, abrir, explorar: viagem ao centro do teatro pela mão de Gustavo Ciríaco”

“Aqui, o palco é o Teatro Nacional D. Maria II, são os corredores, os camarins, os escritórios e as salas de ensaio. O palco é onde os atores quiserem desde que os sigamos ininterruptamente, sem lugar marcado, nesta odisseia que é descobrir o teatro por dentro, até às costuras, “como se de uma escultura se tratasse”

Diário de Notícias 

Jornal i – O Teatro como uma escultura

“Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos”. Inesperado, sempre, por vezes contemplativo, outras claustrofóbico, outras interventivo, com o espaço, com o público, numa série de episódios, momentos, a percorrer corredores, salas, espaços abertos ou fechados. Lugar para dançar, ver dançar, cantar, ouvir Carla Gomes ou ter mesmo que cantar – como num aniversário. Se em início ou em fim de festa, dependerá da perspetiva. Cumprida será a promessa inicial de que haverá teatro, haverá atores e que, dobrada a esquina, à espera haverá uma nova cena. É ouvir Carla Gomes, logo no início, cantar “soon it will be over, let’s gonna make it worth”. E ir.”

Jornal de Negócios  – Se a minha memória fosse um teatro, prometias percorrê-la?

“Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos” tem uma força única. Capaz de fazer uma multidão de quase 90 pessoas baixar-se naturalmente para, em silêncio, ouvir um piano tocar. Ou na sala que guarda os figurinos daquele teatro, ver os actores dançar e logo depois solidificar, transformar-se em esculturas vivas. É uma festa tão bonita, daquela que nos fazem não querer desistir. Porque nos sentimos parte, por muito que estejamos de passagem.”

O Observador  – “Há surpresa e mistério em todos os cantos do Teatro Nacional D. Maria II”

Ípsilon – Público 

Umbigo Magazine – “O chão vai seguindo direções várias e o espaço vai como que se transformando na Relatividade (1953) de Escher, como se percorrêssemos um corte explodido do edifício à escala real. Levados por “uma jornada rapsódica pelos territórios que configuram o teatro como espaço cénico, sociológico e arquitetónico”, vamos-lhe conhecendo as entranhas como se habitássemos um enorme bicho a fazer a digestão.”

Contracenas – “somos prova e testemunha que a nossa terra é esta: uma terra onde não somos mais do que actores e espectadores, uma terra em que se sobe, se desce, se escuta, se sorri.”

Entrevistas

Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos é uma comissão do Teatro Nacional Dona Maria II em parceria com o Festival Alkantara estreada em maio de 2018. Conta com o acolhimento e parceria do Walk&Talk, 23 Milhas – Centro Cultural de Ílhavo, do CAPA-Centro de Artes Performativas do Algarve, do Teatro Micaelense e do Espaço do Tempo  para as residências artísticas e com a coprodução do TNDM II, dos festivais Alkantara e Walk & Talk e do 23 Milhas – Ílhavo. Em 2017, Gustavo Ciríaco esteve como Artista Residente com o projeto-piloto CORTADO | ABERTO  no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

 

Residências

Teatro Nacional Dona Maria II, Lisboa, Portugal.  Abril 3-20  + Maio 7-25, 2018.

23 Milhas – Ílhavo, Centro Cultural de Ílhavo, Ílhavo, Portugal.  Abril 24 – Maio 6, 2018.

Devir/Capa – Centro de Artes Performativas do Algarve, Faro, Portugal, Março 6-18, 2018.

Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, Portugal. Fevereiro 6-18, 2018.

Teatro Micaelense, no quadro do Walk & Talk Festival de Artes, Ponta Delgada, Açores, Portugal. Julho 17-27. Apresentação pública: Julho 27, 2017.

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, parte do Programa Artista Residente do Instituto de Artes- IA, Campinas, Brasil. Fev-Jun, 2017. Apresentações públicas: Junho 28 & 29, 2017.

Concepção e direção artística Gustavo Ciríaco

Assistência de direção e dramaturgia Catalina Lescano

Performers e colaboradores Ana Trincão, Rodrigo Andreolli, Sara Zita Correia e Tiago Barbosa

Cantora e atriz convidada no TNDM II Carla Gomes

Performers convidados no Museu de Serralves Ana Rita Xavier, Arianna Romano, Carlos Alves, Catarina Saraiva, Elsa Pereira, Fabricio Silva, Gabrielle Mendieta, Ioanna Toliou, João Gabriel Lima, Larissa Dias, Maria Inês Costa,  Matilde Tudela e Thamiris Carvalho

Performers convidados no Teatro Micaelense Amelia Lopes, Ana Cordeiro, Eleonora Marino, Fernando Nunes, Filipa Chaves, João Malaquias, Lina Silveira, Luis Grave e Rita Costa Medeiros

Performers convidados no TNDM II André Loubet, Diana Narciso, Gonçalo Egito, João Estima, José Neves, Lúcia Maria, Manuel Coelho, Paula Mora, Rita Delgado and Sara Inês Gigante.

Performers convidados no Centro Cultural de Ílhavo – 23 Milhas Dulce Ferreira, Ermelinda Rodrigues, Joana Silva, João Rodrigues, João Mendes e Vitória Silva

Banda sonora Bruno Humberto

Desenho de luz Tomás Ribas

Cenografia Sara Vieira Marques

Produção executiva Catalina Lescano e  Sinara Suzin

Management Jesse James

Comunicação António Pedro Lopes

Co-produção Teatro Nacional Dona Maria II, Alkantara Festival, Walk & Talk – Festival de Artes, 23 Milhas – Centro Cultural de Ílhavo

Residências  artísticas Walk&Talk Festival, Espaço do Tempo, Devir/CAPA, TNDM II, 23 Milhas – Ílhavo e Teatro Micaelense

Residência de pesquisa Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, através do seu programa Artista em Residência 2017

Apresentações 

Serralves em Festa. Museu de Serralves. Porto, Portugal. 1 e 2 de Junho, 2019.

Teatro Micaelense, no quadro do  Walk & Talk Festival de Artes, Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, Portugal. 29 e 30 de Junho, 2018.

Teatro Nacional Dona Maria II, no quadro do Alkantara Festival, Lisboa, Portugal. Estreia dia 29 de Maio. Apresentações dias 30 e 31 de Maio, 2018. Estréia.

Centro Cultural de Ílhavo, no quadro do evento Ilustração à vista. Apresentação do trabalho em progresso, dias 4 e 5 de Maio, 2018.

Fotos de Filipa Couto,  Ricardo Resendes (Ponta Delgada), Maycon Soldano (Campinas), Vera Marmelo (Lisboa), António Pedro Lopes (Porto).