Algumas histórias. A do público. A do performer. Um ponto de encontro: sala de espetáculos. Um espaço de expectação, de convivência, de evasão. Um espaço de códigos compartilhados. Um espaço de encontro.

Como tornar visível aquilo que está presente e constitui a situação de um espetáculo de dança em um teatro?

Como explicitar o óbvio, o já acordado, porém já esquecido na relação espectador e performer?

Em um desenho chamado Nada. Ello dirá. (Nada. Vocês verão.), onde um cadáver escreve a palavra “Nada” em uma pedra, o pintor espanhol Goya faz uma alusão à expectativa diante da morte, da evasão do mundo material e da ausência de divino, de um nada ao qual todos estariam destinados. Um mundo sem Deus. Sem além.

De modo estranhamente similar, o lugar físico do teatro está associado a uma série de expectativas que também produz um certo além, um certo transpor de realidade, de evasão mesmo, onde há a criação de dois tempos, dois campos aparentemente separados, o do performer que age e o do espectador que frui essa ação. Navegando por esses mares, Nada. Vamos ver. gira em torno dos acordos tácitos que existem na partilha comum entre público e performer no espaço físico do teatro durante um espetáculo de dança. Jogando com a expectativa e com os papéis pré-definidos entre espectadores e bailarinos, a peça se aventura ora pela explicitação dos códigos e regimes de atenção presentes numa situação de apresentação, ora pela redefinição temporária dos papéis dos atores responsáveis pela performance nos dois campos que ela envolve: palco e platéia.

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Extrato 1 

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Nada. Vamos ver. contou para a sua pesquisa (sob o título provisório de Tempo de Lamento & Tempo de dança) com fundos do Prêmio Klauss Vianna (pesquisa) para a dança, promovido pela Funarte. O projeto também foi selecionado pelo Centro Internacional d´Accueil et d´Éxchanges Les Récollets (Paris, França), onde Ciríaco realizou residência artística durante os meses de julho a setembro de 2008. Em novembro de 2008, o projeto foi apresentado em regime de ensaio aberto no quadro da Ocupação do Teatro Gláucio Gil pelo grupo Coletivo Improviso, durante o Panorama de Dança. Sua estréia nacional ocorreu em fevereiro de 2009 no SESC Avenida Paulista, em São Paulo e sua estréia européia aconteceu em novembro de 2008, no Festival Temps d’Images | Culturgest, em Lisboa.

 

concepção e coreografia

Gustavo Ciríaco

co-criação | performance

Ignacio Aldunate, Francini Barros, Gustavo Ciríaco, Milena Codeço e Dyonne Boy

assistência de direção e colaboração artística artística

Flavia Meireles

bailarino virtual

Leo Nabuco

vídeos

Leo Nabuco, Gustavo Ciríaco and Ignacio Aldunate

desenho de luz

José Geraldo Furtado Gomes

trilha sonora

Rodrigo Marçal – Aprx

professores 

Flavia Meirelles, Maria Alice Poppe,  Renata Reiheimmer e Joelson Gusson

administração e produção executiva

Fomenta Produções – Carla Mullulo e João Braune

residências

Centre International d’Accueil et d’Échanges Les Récollets / Paris

Ocupação Orquestra Improviso – Teatro Glaucio Gil (Rio de Janeiro)

co-produção

SESC São Paulo

Culturgest – Lisboa

 

Paula Kossatz

Flavia Meireles