Em um shopping abandonado, uma escola de dança convive à margem de Bahía Blanca, esta cidade porteira ao extremo sul dos Pampas. Das suas escadas de acesso vemos as lojas vazias, abandonadas, um território inacessível de matérias deixadas à entropia, cuja adivinhação vai alimentar os anos de formação de Ana Laura Lozza, esta coreógrafa afeita à materialidade das coisas, aos cruzamentos dos discursos e à coreografia dos movimentos cotidianos.

 

HORMIGA-PÁJARO (Formiga-Pássaro) é uma instalação inspirada nesta experiência de espaço vivida pela coreógrafa argentina Ana Laura Lozza. No gnration a obra toma a escada externa do edifício do centro cultural e a transforma em um ponto de encontro e dispersão, onde as visões de um pássaro e a de uma formiga oscilam entre o zénite e a vertigem das materialidades circundantes.

 

HORMIGA-PÁJARO é a 5ª obra da coleção Cobertos pelo céu, um projeto transdisciplinar centrado na relação entre paisagem e arte com vista à criação de uma coleção de performances e instalações interativas. O projeto acontece impulsionado pela curiosidade em discutir como criação de espaço e experiência de paisagem cruzam-se na assinatura poética de artistas singulares de Portugal, Brasil, Argentina e Chile nas áreas da música, dança, fotografia, escultura, pintura e performance.
Com o desejo de criar uma plataforma sensível de colaboração com os artistas convidados, tenho visitado as experiências de paisagem dos artistas portugueses Jonathan Uliel Saldanha (Música), Cláudia Dias (Dança),  João Gabriel Oliveira (Pintura), dos artistas brasileiros Luciana Lara (Dança), João Saldanha (Dança), Michelle Moura (Dança), das argentinas Ana Laura Lozza e Barbara Hang (Dança), da chilena Javiera Péon-Veiga (Dança e Performance),  cujos trabalhos revelam uma poética espacial multiforme e transdisciplinar. Estes artistas, apesar de atuarem de modo tão distinto entre si e em diversos campos da arte, possuem um traço que os reúne: a noção de território, sua transformação poética em direção a um universo próprio. Ao mergulhar nas obras e em diálogos com artistas portugueses e latino-americanos o desejo é refletir como essas poéticas espaciais contribuem para o que o sociólogo Boaventura de Sousa Santos defende em suas Epistemologias do Sul como a diversidade epistemológica do mundo (a sabedoria que mulheres e homens não dominantes adquiriram no trato com o mundo através da história) e experienciar o inominável que elas convocam, dando acesso ao processo dinâmico através do qual são criadas as arquiteturas efémeras particulares desses artistas.

Concepção e direção artística
Gustavo Ciríaco

Artista convidada
Ana Laura Lozza

Colaboração artística
João Gonçalo Lopes – cenografia e arquitetura
Tomás Ribas – desenho de luz

Administração e gestão financeira
Missanga Antunes

Apoio financeiro
República Portuguesa – Cultura | DgARTES – Direção-Geral das Artes

Apoio a residências
Devir-Capa / Faro, Pico do Refúgio / Rabo de Peixe, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas / Ribeira Grande, gnration / Braga

::PREMIÈRE::

gnration
Dias 2, 3 & 4 de setembro
Braga

Fotos Tomás Ribas, Gonçalo Lopes, Gustavo Ciríaco, Hugo Sousa/gnration